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Tragédia do Museu Nacional marca Seminário do Patrimônio

Evento realizado em SP defende respeito aos nossos bens culturais

A triste coincidência da realização do “Seminário Internacional de Gestão Inovadora de Bairros Históricos” poucos dias após o devastador incêndio do Museu Nacional, motivou manifestações de protestos e conclamações a favor de ações urgentes, do Estado e da Sociedade, visando a proteção do Patrimônio Cultural do país.  

 

 

“Estamos iniciando aqui, à luz da tragédia do Museu Nacional, um movimento: o Patrimônio merece respeito!”, disse a coordenadora do evento, a arquiteta e urbanista Nadia Somekh, conselheira federal do CAU/BR por São Paulo. Ela ressaltou o valor da mobilização social para a preservação do nosso patrimônio e por isso acredita que as instituições do setor precisam de reforço para cumprir seu papel. “A nossa sociedade tem que exigir a conservação da nossa memória. Só preserva quem ama, só ama quem conhece”, disse. Ela lembrou ainda que é papel do Conselho não apenas fiscalizar, mas também promover ações de valorização da arquitetura e do patrimônio histórico.

 

Nadia Somekh

 

O seminário, realizado nos dias 10 e 11 de setembro, é uma realização da Comissão de Relações Internacionais do CAU/BR, em co-realização com o CAU/SP e o curso de pós-graduação de Arquitetura e Urbanismo da FAU da Universidade Mackenzie, como apoio da CAPES.

 

“As nossas cidades pedem socorro”, alertou Patrícia Luz, arquiteta e urbanista, vice-presidente do CAU/BR, na abertura do evento. Ela afirmou que a tragédia do Museu Nacional está na pauta emergente dos arquitetos. “O Código de Ética e Disciplina do CAU/BR trouxe luz aos princípios éticos que devem nortear nossas ações no exercício da profissão. E é este código que nos diz que, devemos reconhecer, respeitar e defender as realizações arquitetônicas e urbanísticas como parte do patrimônio socioambiental e cultural e que devemos contribuir para o aprimoramento deste patrimônio”.

 

 “O incêndio do Museu Nacional foi uma afronta à memória do país”, disse Leonardo Castriota, do Instituto de Estudos de Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal de Minas Gerais. “Devemos refletir profundamente o que fazer com aquelas ruínas antes de colocar a mão no que sobrou. A sociedade tem que ter voz, não podemos deixar que os banqueiros, com as leis de incentivo fiscal, ditem novamente o que fazer com nossa cultura”.

 

Patrícia Luz

O arquiteto e urbanista Valdir Bergamini, vice-presidente do CAU/SP, lembrou outros incêndios recentes, como o do Museu da Língua Portuguesa, para ressaltar que a recuperação desses bens, quando ocorrem, são demoradas. “E dessa forma nossas memórias são apagadas para sempre”.

 

Nivaldo Vieira de Andrade Junior, presidente do IAB, disse que “a comoção provocada pela destruição do Museu Nacional é sem precedente e símbolo do fracasso como nossa sociedade tem enfrentado o tema do Patrimônio”. Segundo ele, a defesa do Patrimônio não pode depender apenas do Estado. O arquiteto lembrou que o IAB tem atuado em várias frentes nesse sentido, como no conselho consultivo do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). “Elaboramos ainda, junto com o CAU/BR, uma carta aberta aos candidatos à presidência que inclui o tema”, afirmou.

 

Nivaldo de Andrade

 

Para o arquiteto e urbanista Fernando Márcio, coordenador da Comissão de Relações Internacionais do CAU/BR, o debate sobre o Patrimônio precisa definir linhas de ação para alcançar resultados. “Esperamos alcançar bons resultados porque precisamos preservar nosso patrimônio”.  Ele lembrou também o trabalho que a CRI tem sido realizado para uma maior inserção da arquitetura brasileira no exterior, “levando as boas práticas e todas as singularidades dos arquitetos e urbanistas brasileiros para outras nações”. Um outro eixo de trabalho busca trazer   as boas experiências internacionais para o Brasil.  

 

Valdir Bergamini

“O seminário vai ajudar a pensar nos vários usos presentes do nosso patrimônio”, afirmou a arquiteta e urbanista Maria Rita Amoroso, coordenadora da Comissão Temporária de Patrimônio do CAU/SP. Segundo ela, os trabalhos nessa área precisam ter ainda a visão de buscar a inclusão social. “O nosso patrimônio cultural será preservado pelas boas práticas e processos técnicos e científicos”, pontuou Maria Rita.

 

“Com certeza, um dos graves problemas relacionados ao patrimônio é a falta de gestão”, analisou Angélica Benatti Alvim, arquiteta e urbanista, diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie.  Segundo ela, o seminário pode contribuir para a formulação de políticas públicas que ajudem na preservação dos nossos bens históricos.

 

Paulo Batista Lopes, professor da Universidade Mackenzie, pontuou que o patrimônio cultural no Brasil e de seus cidadãos não foi devidamente cuidado. Por isso, ele disse que é oportuna a realização do seminário. “Precisamos recuperar nossa identidade cultural e o orgulho de ser brasileiro”, afirmou.

 

Fernando Márcio

O reverendo Marcelo Coelho Almeida fez a abertura do evento lembrando a importância da memória, já que um dos trabalhos discutidos no encontro será o projeto Fábrica de Restauro, experimentalmente formulado para o bairro tombado do Bixiga.  Para finalizar sua participação, o reverendo citou uma passagem do profeta Jeremias, no Livro das Lamentações: “Quero trazer à memória o que pode me dar esperança”.

 

Fonte: CAU/BR

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