O Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), projetado pelo arquiteto e urbanista José Portocarrero, venceu o prêmio BREEAM Awards 2018 como o melhor edifício sustentável das Américas e também venceu na categoria voto popular. Com base nas casas indígenas, referências em bioclimática, o edifício em Cuiabá (MT) se destaca pelo conforto térmico e utilização máxima da iluminação natural. Sua cobertura em duas cascas, possibilita o resfriamento interno do prédio e a captação de água da chuva, filtrada e armazenada para uso na irrigação do jardim e lavagem de pisos. “O melhor resultado é ajudar a difundir e circular os conhecimentos arquitetônicos dos povos indígenas, que são os primeiros desenvolvidos no Brasil”, afirmou José Portocarrero, que também é professor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).
O BREEAM Awards 2018 é concedido pela mais antiga empresa certificadora de construções sustentáveis no mundo, sediada em Londres. A BREEAM já avaliou mais de 250.000 edifícios em todo o planeta. Foram premiados 20 edifícios sustentáveis em várias categorias e países. Mas o maior destaque foi mesmo para o Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), que foi o mais bem-avaliado pelo público, recebendo mais de 2.000 votos pelo site. “Mais importantes do que as qualidades dos projetos selecionados e vencedores são os exemplos que eles estabelecem, demonstrando os aspectos práticos e os benefícios das soluções sustentáveis”, afirma Alan Yates, diretor técnico da BREEAM.
O professor José Portocarrero foi convidado pelo Sebrae para desenvolver o projeto por causa de seus estudos sobre as habitações da etnia Bororo, no Parque do Xingu. “Eles queriam algo inovador, que inspirasse aqueles microempresários a buscar novos caminhos”, explica. O Centro Sebrae de Sustentabilidade tem um formato parecido com o de uma oca, adaptando o projeto ao terreno em declive. Entre os benefícios do projeto, se destacam o conforto térmico, a utilização máxima da iluminação natural e a cobertura em duas cascas, que possibilitam o resfriamento interno do prédio e a captação de água da chuva, filtrada e armazenada para uso na irrigação do jardim, lavagem de piso, banheiros, entre outros. Além da iluminação natural, microusinas foram implantadas no telhado, reduzindo o consumo de energia elétrica da sede em 30%.
“As casas indígenas resistem muito mais, não são derrubadas pelo tempo, porque são construções aerodinâmicas e reduzem em 30% a força do vento. O ar passa ali como respiração”, afirma Portocarrero, que já visitou 28 aldeias indígenas em suas pesquisas. “Não foi um índio ou um arquiteto, mas gerações de indígenas que desenvolveram essas tecnologias, desde o desenho até os materiais de construção de uma estrutura espacial”. O processo de construção ainda incluiu a participação de mulheres, o reaproveitamento de resíduos, como palha, cipó, madeiras e pedras, comum às construções indígenas. O edifício ainda conta com uma instalação de vermicompostagem, que recebe resíduos orgânicos da lanchonete e da poda de árvores e plantas. O jardim do CSS é integrado por espécies do Cerrado, Pantanal e Amazônia, biomas presentes em Mato Grosso.
O Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS) é o primeiro prédio no Estado a receber o Selo Procel de Eficiência Energética.
Com informações do jornal O LIVRE, de Cuiabá